quarta-feira, 25 de maio de 2011

A Vidente - Parte I

Parte I - Um pouco sobre cafeína, e colher

O despertador de Cecilia tocou, era uma manhã aparentemente comum. Ela abriu os olhos, viu o teto e começou a entrar nos seus próprios devaneios... Em dias comuns ela sempre notava que a sua cama estava sempre cheia de sonhos, esperança, e principalmente conforto, só que desta vez ela olhou para o lado, e nada viu. Não era uma manhã comum.
Foi uma xicara de café, outra e mais outra, e Cecilia perdeu a conta do quanto de cafeína ela tinha consumido e foi nisto que ela soltou um grito pra si mesma:
- EU ME RENDO! Lilian tinha razão. Preciso ir a uma vidente. Vidente? Hã?
CÉTICA, esta é a palavra que a definia, bem cética. Alias, cética demais, custava acreditar em si mesma. Como acreditar nos outros? Em uma estranha? Em uma estranha que diz ler uma bola transparente de cristal? LOUCURA, esta é a palavra que definia bem o estado mental em que ela tinha estacionado naquela amanhã. O mundo estava organizado, e calmo, diria até normal, fora de cabeça de Ceci. Lá dentro poderia ouvir bilhões de vozes. A voz dele, a razão de Ceci se estacionar na loucura.
Fazia alguns dias que a figura pálida e engraçada de Humberto não invadia sua cabeça, eram tantos problemas, pra pouco tempo que Humberto foi deixado de lado. Estes alguns dias fizeram muito bem pra ela, era como se tivesse um alma nova, uma cor nova, uma face nova, um coração novo acima de tudo. Um filme passou a sua cabeça em um segundo, e logo ela voltou ao café, pegou uma colher e viu sua imagem refletida: ela estava com pena de si mesma, e foi pegar a lista telefônica na esperança de encontrar uma tal de “Rita traz seu pessoa amada de volta em uma semana.”
Drogarias, escolas, hotéis... Serviços místicos, até a lista telefônica era cética, ela não conseguia encontrar o tão desejado número. Depois de alguns minutos de procura Ceci ligou pra Lilian, sua amiga “acredito em tudo que me convém”, obviamente ela teria o telefone de Rita, alias, era Rita o nome da vidente?
- Não precisa rir, eu só vou lá porque estou curiosa, você sabe que eu não acredito nesta basbaquice de sorte, ler futuro. Mal estou acreditando no futuro! De qualquer forma obrigada amiga.
As palavras ditas para Lilian não foram muito convencedoras, assim como o nome da vidente: Glaucia do Tarot.