quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Adeus

   Raiva, era aquilo que circulava na minha cabeça. Tentei usar o caminho de ida para esfriar a cabeça e te falar poucas coisas, ou até mesmo desistir de te ver. Ocorreu o contrário. Cada passo ia concentrando minha raiva e tudo que eu queria era te falar tudo, te deixar tonto e sair sem explicar direito o por quê de tudo aquilo, afinal, você saberia. Você poderia me chamar de louca, histérica e tudo mais. Sim, estou beirando a loucura mesmo.
   Andei... Cheguei, bati na porta, e quem abriu a porta foi uma senhora, e eu perguntei sobre você. Logo ela me deixou entrar, talvez por causa do meu rosto inchado e transtornado. Quem era ela? Sentei na mesa da cozinha, e comecei a falar sobre você... Falei de coisas boas, das quais ela concordava, e falei coisas ruins com muita força e ela concordava também, só que com os olhos. Ela te conhecia tão bem quanto eu achava que te conhecia. Naquele momento só passava na minha cabeça a hora que você iria abrir a porta, você iria me ver ali na cozinha com aquela senhora e eu iria explodir do seu lado.
Ela me ofereceu um chá para acalmar.
   - Acalmar o que?
   - A alma, querida.
   Querida... Você me chamava assim. Não sou querida. Estava na sua casa, com alguém me chamando de querida. Como poderia?
   - Preciso de acalmar a raiva, só isso.
   Abaixei a cabeça e comecei a ouvir o barulho da fechadura, era você, eu sabia que era! Escutei os passos e até que eu vi você... Quanto tempo tinha se passado, quanta raiva acumulada, mágoas, saudades... Te olhei durante uns 3 segundos e fui embora. Não disse nada. Não explodi e não te abracei.
   Adeus, minha mente só pensava no "Adeus" que não dei. Não foi o encontro que planejei, mas foi necessário que tenha sido assim.  Eu vou te entregar a Deus, adeus, que Deus te cuide para mim agora. - Pensei.
    Despertei, e abri os olhos e vi que foi um sonho, mas a causa do sonho ainda era real.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Só o ano tem que ser novo?

Inovar é acordar e fazer o novo, sentir o novo. Renovar é mudar tudo que está presente e ter a coragem de encarar as consequências. Não tem segredos, nem regras. Basta começar hoje, quando você sentir que é a hora. Assim começará seu ano novo.
Quer começar uma dieta? Não espere dia primeiro, comece agora! Você e sua alma ficarão mais leves, te garanto!
Um ano só será realmente novo se você fizer renovação, se não tudo será igual aos anos passados. Nada cai do céu. Nada. Faça por merecer todos os votos que você receberá de "Feliz ano novo!".
Só o ano tem que ser novo? E você?

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Chá das seis

Acordei, e quis entender as aflições alheias
Foi ai que vi que mal compreendia as minhas
E antes mesmo de por os pés para fora da cama, desisti.

Durante a tarde quis explicações para tudo
E antes mesmo do chá das seis, já estava farta.

E a noite eu fiquei sem pensar em nada denso
E apenas vivi.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Entre aspas: William Shakespeare, Macbeth

Trás amanhã e trás amanhã de novo,
Vai, a pequenos passos, dia a dia,
Até a ultima silaba do tempo;
Inscrito.

E todos esses novos ontens
Têm alumiado aos tontos que nós somos
Nosso caminho para o pó da morte.
Breve candeia, apaga-te! Que a vida
É uma sombra ambulante; um pobre ator
Que gesticula em cena uma hora ou duas,
Depois não se ouve mais; um conto cheio
De bulha e fúria, dito por um louco,
Significando nada. 


Se você olhar para o abismo, o abismo olhará para você.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Você sabe fechar ciclos?

    Sempre tive a certeza que não sei fechar ciclos. Talvez seja a coisa mais difícil neste mundo para mim... É como um defeito de fábrica, simplesmente ocorreu. Eu tenho uma dificuldade enorme em terminar coisas (não coisas práticas, óbvio).  O mundo poderia ser mais fácil, os ciclos poderiam ser fechados automaticamente e nossa consciência estaria lá, intacta e tudo bem. Mas não é assim, temos que ir lá, fazer, chorar, ter aquela crise e depois ainda carregar a culpa. Culpa.  Antes ter uma culpa para carregar, do que não saber terminar algo que te faça mal, e carregar um peso. Antes culpa do que peso.
    Você deve estar pensando que este é mais um post melancólico, do qual eu vou reclamar como eu sempre faço, pois você está redondamente enganado... Eu consegui fechar vários ciclos nos últimos tempos e estou muito feliz com meus resultados e ainda tenho outros planos para melhorar meu futuro. Queria aproveitar o final de ano e começo do outro para ir mudando o que me incomoda. Nunca fiz aquelas "famosas promessas de ano novo", e não estou fazendo agora também, eu só quero aproveitar a ideia de mudança, de virada e ir junto. Quero o novo, e o novo está aí.
    Este ano de 2012 não foi um dos melhores, mas também não um dos piores. Tudo de "ruim" que ocorreu foi muito importante (e diria também essencial) para meu crescimento e para que as ideias de mudanças florescerem na minha cabeça. Desde de a coisa mais simples até a coisa mais importante que me ocorreu. 
Já que você leu até aqui as minhas bobagens, eu deixo uma mensagem para você: Só você pode mudar sua vida, e mais ninguém! Pare para refletir um pouco. Se afaste de coisas ruins e multiplique as boas. Reveja SUAS ações e não julgue terceiros (segundos ou quartos também!). Agora é você. Apenas você, por você.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

O uso dos porquês

Queria entender o porquê dos erros
O porquê das ausências dos acertos.

O porquê que o certo tanto tarda a chegar
O porquê do desespero e da ansiedade
O motivo de se sentir confortável diante a dúvida.

Por que?

Porque alvez a culpa seja minha.
Seja sua.
Ou seja nossa.

Meu deus, só me responda, por quê?

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Mudanças

Mudar de nome, de jeito.
Mudar de cabelo e mudar de opnião.
Muda a vida e mudar o rumo.

Mudar pra melhor.

Sans Fleurs agora é Tecladismo. Uma nova fase :)

domingo, 11 de novembro de 2012

Reflexões sobre a paz

Paz. Você me perguntou sobre paz em uma noite qualquer...
Ou uma tarde qualquer.
Uma paz qualquer.
Para uma pessoa (não)qualquer.


Disseram que paz é dividir.
Não sei viver com metades. Não sei ser metade.
Metade não é para mim. 
Não sou egoísta... Te entreguei de mãos beijadas para a vida.

Me disseram outra vez que paz é dormir bem,
E tudo que eu mais quero é dormir. Dormir em paz.
Ô, que pleonasmo.

Metade de paz.
Metade de ser.
Metade de você. Metade de mim.

Te dei as costas.
Não sei o que é paz.
Pergunte para outra pessoa.

Antes de ir, queria deixar uma mensagem para você...
Minha metade ainda reza para você todas as noites.
Reza para você encontrar a paz.
E a sua metade... Bom, isso você quem sabe onde ela está.
Perdoe-me as minhas esquisitices.
Preciso ir... Fique em paz.
Adeus.

(Sofia Borges está offline)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Entre aspas: Caio Fernando Abreu

A primeira vez que o telefone tocou ele não se moveu. Continuou sentado sobre a velha almofada amarela, cheia de pastoras desbotadas com coroas de flores nas mãos. As vibrações coloridas da televisão sem som faziam a sala tremer e flutuar, empalidecida pelo bordô mortiço da cor de luxe de um filme antigo qualquer. Quando o telefone tocou pela segunda vez ele estava tentando lembrar se o nome daquela melodia meio arranhada e lentíssima que vinha da outra sala seria mesmo “Desespero agradável” ou “Por um desespero agradável”. De qualquer forma, pensou, desespero. E agradável.
A luz de mercúrio da rua varava os orifícios das cortinas de renda misturando-se, azulada, à cor meio decomposta do filme. Pouco antes do telefone tocar pela terceira vez ele resolveu levantar-se — conferir o nome da música, disse para si mesmo, e caminhou para dentro atravessando o pequeno corredor onde, como sempre, a perna da calça roçou contra a folha rajada de uma planta. Preciso trocá-la de lugar, lembrou, como sempre. E um pouco antes ainda de estender a mão para pegar o telefone na estante, inclinou-se sobre as capas de discos espalhadas pelo chão, entre um cinzeiro cheio e um caneco de cerâmica crua quase vazio, a não ser por uns restos no fundo, que vistos assim de cima formavam uma massa verde, úmida e compacta. “Désespoir agréable”, confirmou. Ainda em pé, colocou a capa branca do disco sobre a mesa enquanto repetia mentalmente: de qualquer forma, desespero. E agradável.
— Lui? — A voz conhecida. — Alô? É você, Lui?
— Eu — ele disse.
— O que é que você está fazendo?
Ele sentou-se. Depois estendeu o braço em frente ao rosto e olhou a palma aberta da própria mão. As pequenas áreas descascadas, ácido úrico, diziam, corroendo lento a pele.
— Alô? Você está me ouvindo?
— Oi — ele disse.
Perguntei o que é que você estava fazendo?
— Fazendo? Nada. Por aí, ouvindo música, vendo tevê. — Fechou a mão. — Agora ia fazer um café. E dormir.
Hein? Fala mais alto.
— Mas não sei se tem pó.
—O quê?
— Nada, bobagem. E você?
Do outro lado da linha, ela suspirou sem dizer nada. Então houve um silêncio curto e em seguida um clique seco e uma espécie de sopro. Deve ter acendido um cigarro, ele pensou. Dobrou mecanicamente o corpo para a esquerda até trazer o cinzeiro cheio de pontas para o lado do telefone.
— Que que houve? — perguntou lento, olhando em volta à procura de um maço de cigarros.
— Escuta, você não quer dar uma saída?
— Estou cansado. Não tenho cabeça. E amanhã preciso acordar muito cedo.
— Mas eu passo aí com o carro. Depois deixo você de novo. A gente não demora nada. Podia ir a um bar, a um cinema, a um.
— Já passa das dez — ele disse.
A voz dela ficou um pouco mais aguda.
— E vir aqui, quem sabe. Também você não quer, não é? Tenho uma vodca ótima. Daquelas. Você adora, nem abri ainda. Só não tenho limão, você traz? — A voz ficou subitamente tão aguda que ele afastou um pouco o fone do ouvido. Por um momento ficou ouvindo a melodia distante, lenta e arranhada do piano. Através dos vidros da porta, com a luz acesa nos fundos, conseguia ver a copa verde das plantas no jardim, algumas folhas amareladas caídas no chão de cimento. Sem querer, quase estremeceu de frio. Ou uma espécie de medo. Esfregou a palma seca da mão esquerda contra a coxa. A voz dela ficou mais baixa quando perguntou:
— E se eu fosse até aí?
Os dedos dele tocaram o maço de cigarros no bolso da calça. Ele contraiu o ombro direito, equilibrando o fone contra o rosto, e puxou devagar o maço.
— Sabe o que é — disse.
—Lui?
Com os dentes, ele prendeu o filtro de um dos cigarros. Mordeu-o, levemente.
— Alô, Lui? Você está aí?
Ele contraiu mais o ombro para acender o cigarro. O fone quase se desequilibrou. Tragou fundo. Tornou a pegar o fone com a mão e soltou pouco a pouco o ombro dolorido soprando a fumaça.
— Eu já estava quase dormindo.
— Que música é essa aí no fundo? — ela perguntou de repente.
Ele puxou o cinzeiro para perto. Virou a capa do disco nas mãos.
— Chama-se “Por um desespero agradável” — mentiu. — Você gosta?
— Não sei. Acho que dá um pouco de sono. Quem é?
Ele bateu o cigarro três vezes na borda do cinzeiro, mas não caiu nenhuma cinza.
— Um cara aí. Um doido.
— Como ele se chama?
— Erik Satie — ele disse bem baixo. Ela não ouviu.
— Lui? Alô, Lui?
— Digue.
— Estou te enchendo o saco? — Outra vez ele escutou o silêncio curto, o clique seco e o sopro leve. Deve ter acendido outro cigarro, pensou. E soprou a fumaça.
— Não — disse.
— Estou te enchendo? Fala. Eu sei que estou.
— Tudo bem, eu não estava mesmo fazendo nada.
— Não consigo dormir — ela disse muito baixo.
— Você está deitada?
— É, lendo. Aí me deu vontade de falar com você.
Ele tragou fundo. Enquanto soprava a fumaça, curvou outra vez o corpo para apanhar
o caneco de cerâmica. Enfiou o indicador até
o fundo, depois mordiscou as folhas miúdas
com os incisivos e perguntou:
— O que é que você estava lendo?
— Nada, não. Uma matéria aí numa revista. Um negócio sobre monoculturas e sprays.
— What about?
—Hein?
— O que você estava lendo.
Ela tossiu. Depois pareceu se animar.
— Umas coisas assim, ecologias, sabe? Dizque se você só planta uma espécie de coisa na terra por muitos anos, ela acaba morrendo. A terra, não a coisa plantada, entende? Soja, por exemplo. Dizque acaba a camada de húmus. Parece que eucalipto também. Depois aos poucos vira deserto. Vão ficando uns pontos assim. Vazios, entende? Desérticos. Espalhados por toda a terra.
O disco acabou, ele não se mexeu. Depois, recomeçou.
— Assim como se você pingasse uma porção de gotas de tinta num mata-borrão — ela continuou. — Eles vão se espalhando cada vez mais. Acabam se encontrando uns com os outros um dia, entende? O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia?
— Sabia — ele disse.
— Horrível, não?
— E os sprays?
—O quê?
— Os sprays. O que é que tem os sprays?
— Ah, pois é. Foi na mesma revista. Diz que cada apertada que você dá assim num tubo de desodorante. Não precisa ser desodorante, qualquer tubo, entende? Faz assim ah, como é que eu vou dizer? Um furo, sabe? Um rombo, um buraco na camada de como é mesmo que se diz?
— Ozônio — ele disse.
— Pois é, ozônio. O ar que a gente respira, entende? A biosfera.
— Já deve estar toda furadinha então — ele disse.
—O quê?
— Deve estar toda furada — ele repetiu bem devagar. — A camada. A biosfera. O ozônio.
— Já pensou que horror? Você sabia dis so
Lui?
Ele não respondeu.
— Alô, Lui? Você ainda está aí?
— Estou.
— Acho que fiquei meio horrorizada. E com medo. Você não tem medo, Lui?
— Estou cansado.
Do outro lado da linha, ela riu. Pelo som, ele adivinhou que ela ria sem abrir a boca, apenas os ombros sacudindo, movendo a cabeça para os lados, alguns fios de cabelo caídos nos olhos.
— Não estou te alugando? — ela perguntou. — Você sempre dizque eu te alugo. Como se você fosse um imóvel, uma casa. Eu, se fosse uma casa, queria uma piscina nos fundos. Um jardim enorme. E ar-condicionado. Que tipo de casa você queria ser, Lui?
— Eu não queria ser casa.
- Como?
— Queria ser um apartamento.
— Sei, mas que tipo?
Ele suspirou:
— Uma quitinete. Sem telefone.
— O quê? Alô, Lui? Você não ia mesmo fazer nada?
— Um chá, eu ia fazer um chá.
— Não era café? Me lembro que você falou que ia fazer café.
— Não tem mais pó. — Ele lambeu a ponta do indicador, depois umedeceu o nariz por dentro. Então sacudiu o cinzeiro cheio de pontas queimadas e cinza. Algumas partículas voaram, caindo sobre a capa branca do disco, com um desenho abstrato no centro. Com cuidado, juntou-as num montinho sobre o canto roxo da figura central. — Nem coador de papel. E acabei de me lembrar que tenho um chá incrível. Tem até uma bula louquíssima, quer ver? Guardei aqui dentro. — Ele equilibrou o fone com o ombro e abriu a cadernetinha preta de endereços.
— Chá não tem bula — ela resmungou. Parecia aborrecida, meio infantil. — Bula é de remédio.
— Tem sim, esse chá tem. Quer ver só? — Entre duas fotos polaroid desbotadas, na contracapa da caderneta, encontrou o retângulo de papel amarelo dobrado em quatro.
— Lui? Você não quer mesmo vir até aqui? Sabe — ela tornou a rir, e desta vez ele imaginou que quase escancarava a boca, passando devagar a língua pelos lábios ressecados de cigarro —, eu acho que fiquei meio impressionada com essa história dos desertos, dos buracos, do ozônio. Lui, você acha que o mundo está mesmo no fim?
Ele desdobrou sobre a mesa o papel amarelo, ao lado das duas fotos tão desbotadas quanto as manchas redondas de xícaras quentes na madeira escura. Uma das fotos era de uma mulher quase bonita, cabelos presos e brincos de ouro em forma de rosas miudinhas. A outra era de um rapaz com blusa preta de gola em V, o rosto apoiado numa das mãos, leve estrabismo nos olhos escuros.
— Sem falar nas usinas nucleares — ele disse. E com a ponta dos dedos, do canto roxo do desenho na capa do disco, foi empurrando o montículo de cinzas por cima das formas torcidas, marrom, amarelo, verde, até o espaço branco e, por fim, exatamente sobre o rosto do rapaz da foto.
— Lui? — ela chamou inquieta. — Encontrou o negócio do tal chá?
— Encontrei.
— Você está esquisito. O que é que há?
— Nada. Estou cansado, só isso. Quer ver o que diz a bula? É inglês, você entende um pouco, não é? — Ela não respondeu. Então ele leu, dramático: —... is exceilent for ali types of nervous disorders, paranoia, schizophrenia, drugs effects, digestive problems, hornionai diseases and other disorders... — Começou a rir baixinho, divertido: — Entendeu?
— Entendi — ela disse. — É um inglês fácil, qualquer um entende. Porreta esse chá, hein? É inglês?
Ele continuou rindo:
— Chinês. Aqui embaixo diz produced in China. — Com a cinza, cobriu todo o olho estrábico do rapaz. — Drugs effects é ótimo, não é?
— Maravilhoso — ela falou. — O disco tá tocando de novo, já ouvi esse
— Tá bom — ela disse.
— Tá bom — ele repetiu. E pensou que quando começavam a falar desse jeito sempre era um sinal tácito para algum desligar. Mas não quis ser o primeiro.
— Vou tirar amanhã — ela falou de re pente.
—Hein?
— Nada. Vai fazer teu chá.
— Tá bom. Aqui diz também que tem vitamina E. — Abriu a mão e olhou as manchas branquicentas na palma. — Não é essa que é boa para a pele?
— Acho que aquela é a A. Não entendo muito de vitaminas.
— Nem eu. A C eu sei que é a da gripe, todo mundo sabe. Qual será a que cura os tais drugs effects? Cheirei todas hoje. Estou com aquele... vazio intenso, sabe como?
— Não sei. — De repente ela parecia apressada. — Vou desligar.
— Você ligou o rádio?
— Ainda não. Como é mesmo o nome dessa música?
— “Por um desespero agradável” — ele mentiu outra vez, depois corrigiu: — Não. É só “Desespero agradável”.
— Agradável?
— É, agradável. Por que não?
— Engraçado. Desespero nunca é agradável.
— Às vezes sim. Cocaína, por exemplo.
— Você só pensa nisso?
— Não, penso em fazer um chá também.
— Hein?
— Mas essa que tá tocando agora é outra, ouça. — Ele ergueu um momento o fone no ar em direção às caixas de som e ficou um momento assim, parado. — São todas muito parecidas. Só piano, mais nada. — A cinza cobria o rosto inteiro do rapaz na foto. — Essa agora chama-se “À l’occasion d’une grande peine”.
— Sei.
— É francês.
— Sei.
— Pena, dor. Não pena de galinha. Uma grande dor. Occasion acho que é ocasião mesmo. Mas podia ser passagem. Melhor, você não acha? Passagem parece quejá vai embora, que já vai passar. O que é que você acha?
— Vou ver se durmo. — Ela bocejou. — Francês, inglês, chá chinês. Você hoje está internacional demais para o meu gabarito.
— Escapismo — ele disse. E acendeu outro cigarro.
— Uma pena que você não queira mesmo sair. — A voz dela parecia mais longe. — Estou pensando em abrir mesmo aquela garrafa de vodca.
— Antes de dormir? — ele falou. — Toma leite morno, dá sono. Põe bastante canela. E mel, açúcar faz mal.
— Mal? Logo quem falando...
— Faça o que eu digo, não faça o que eu. A cinza descia pelo pescoço, quase confundida com o preto da gola. A voz dela soava um tanto irônica, quase ferina.
— Ué, agora você resolveu cuidar de mim, é?
— Vou fazer meu chá — ele disse.
— Como é mesmo que se pronuncia?
Esquizôfrenia?
— Não, é squizofrênia. Tem acento nesse e aí. E se escreve com esse, cê, agá. Depois tem também um pê e outro agá. Tem dois agás.
— E nenhum ipsilone? Nenhum dábliu? — ela perguntou como se estivesse exausta. E amarga. — Adoro ipsilones, dáblius e cás. Tão chique.
— D ‘accord — ele disse. — Mas não tem nenhum.
— Tá bom — ela riu sem vontade. Em seguida disse tchau, até mais, boa-noite, um beijo, e desligou.
Ele abriu a boca, mas antes de repetir as mesmas coisas ouviu O clique do fone sendo colocado no gancho do outro lado da cidade. O disco chegara novamente ao fim, mas antes que recomeçasse ele curvou-se e desligou o som. Em pé, ao lado da mesa, amarfanhou o papel amarelo e jogou-o no cinzeiro. Depois soprou as cinzas do rosto do rapaz. Algumas partículas caíram sobre a foto da mulher. Andou então até o pequeno corredor, curvou-se sobre a planta e com a brasa do cigarro fez um furo redondo na folha. Respirou fundo sem sentir cheiro algum. A sala continuava mergulhada naquela penumbra bordô, baça, moribunda, a almofada fosforescendo estranhamente esverdeada à luz azul de mercúrio. Ele fez um movimento em direção ao telefone. Chegou a avançar um pouco, como se fosse voltar. Mas não se moveu. Imóvel assim no meio da casa, o som desligado e nenhum outro ruído, era possível ouvir o vento soprando solto pelos telhados.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Quer comer o que hoje?

Me questionaram o que é ter vontades.
Te perguntei e você disse: Quer comer o que hoje?
Eu não tinha vontade.
De comer e de passar um tempo lá, com você.

Mesmo assim não sabia o que era ter vontade.
A única coisa que eu sabia, era pequena, mas era importante...
Ter vontade não se ressumida ao que eu iria comer no jantar,
E sim com quem e da forma que eu iria estar.

Depois de um tempo me disseram que ter vontade é escolher.
Nunca fui boa de escolhas...
Nem com roupas e nem com pessoas.
Foi ai que eu entendi e tive minha primeira vontade explicita.

Logo corri para dar a noticia a todos e inclusive a você
E mais uma vez você disse: O que quer comer hoje?
E eu não sabia o que queria,
Mas eu tinha certeza da minha (necessidade) vontade de mudar.

Mudar, de endereço, de vontades e de vida.
Subverter minha própria existência.
Ser. Mudar.
Viver.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O dia que escrevi sobre metalinguagem e não sobre você

No meio da noite eu tive um clímax de criatividade. Precisava escrever. Não escrevi.
Perdi-me no meio das ideias, dormi e sonhei.
Sonhava que pessoas me ditavam quantos passos eu devia dar na minha caminhada.
- Dê três passos a frente Sofia!
E claro, eu dava cinco passos e meio.
Elas viravam para trás e eu continuava a andar... Teimosia? Talvez.
Acordei e fui escrever, mas toda vez que olhava o fundo branco aqui, as ideias ficavam brancas também.
A arte de escrever não aceita teimosia. Você escreve quando sua criatividade manda você escrever, e não quando você quer escrever. A criatividade que dita quantos passos se deve dar e você respeita.

Naquele dia eu não andei, não dei cincos passos e meio e também não consegui escrever grande coisa. Nem se quer escrevi sobre você.

Eu queria agradecer o carinho enorme de vocês! Grande parte das coisas que eu escrevo são puro desabafo, mas com vocês aqui, tudo fica melhor! Obrigada mesmo, de coração <3

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A arte de se virar e consumir cigarros

Estes dias eu tive uma recaída, acendi um cigarro, e o meu grande escorregão não foi o cigarro mas sim os pensamentos que cruzaram a minha mente durante aquele cigarro.
Maldito.
Ele conseguiu acabar com meu pulmão e meu coração.
Fumava e eu sentia toda a nicotina e aquelas porcarias todas entrando nos meus pulmões e eu morria aos poucos... Fiquei pensando o quanto eu desejava (e ainda desejo) que você atravessasse aquela porta, e me surpreendesse. Por mais que eu desejasse aquilo, ainda seria uma surpresa te ver depois de todo aquele tempo...
Ai pensei nas infinitas vezes que sai fumando por aí nas ruas e no caminho de volta eu pensava que você podia estar na porta da minha casa me esperando, ou na mesa da cozinha conversando com a minha mãe.
O cigarro acabava, e você nunca chegava.
A vida foi injusta de trazendo uma vez e te tirando de mim. assim como ela é também quando te dá dois pulmões e um cigarro e "agora se vire".

Estou me virando, sem você aqui. Com você no pensamento e um cigarro na mão.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sobre braços, fome e você

Dizem que você só valoriza a comida quando você passa fome.
Dizem que você só vai lembrar o quanto seu braço direito é útil, se você um dia o perde-lo.
Dizem que você só valoriza alguém, se um dia esta pessoa sair da sua vida, você perde-la.

Eu já te valorizava antes de te conhecer.
Te valorizava nos meus sonhos.
Continuo te valorizando,
Mesmo depois de te perder.

Eu acordei com um desconforto no peito, uma sensação de vazio... Mais uma vez eu sentia os "sintomas" da sua ausência.
Ausência errada.
Ausência indevida.

Você tinha o dever de ficar aqui.
Pra sempre.
Dizem também que você é eternamente responsável pelo que você cativou...
Pois bem, cá estou e cadê você?
Agora você é responsável por mim.

Sua ausência me acarreta uma falta de ar, e é assim que eu lembro o quanto respirar e ter você era bom.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Desta vez não é mentira

Chorei a minha morte, sem ao menos ter morrido.
Chorei a minha vida, sem ao menos ter vivido.
E tudo que eu peço hoje, é uma mudança, pequena ou grande.
Uma mudança.

Por incrível que pareça, e desta vez não é mentira: eu vou sair por aí, eu vou viver.




Sem você.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Ainda tem dúvida?

 E aí eles resolveram fazer um concurso de pessoas mais tolas, idiotas, trouxas, burras e etc.

Quem ganhou em primeiro lugar?
Eu.
Em segundo?
Eu também!
Terceiro?
Ainda tem dúvida? Eu!

E fim.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Um pouco de conformismo

Não gosto que reclamem da minha mania de organização, e nem que arrume a alça do meu sutiã quando ela estiver virada. Eu não preciso de ninguém me lembrando das coisas que eu tenho que fazer, minha agenda já me ajuda com isso...
Eu gosto é de ser acordada no meu da madrugada com uma mensagem, ou ligação, eu preciso de atenção, eu preciso de alguém para eu ter com quem falar, e alguém para me ouvir. Eu quero ter alguém para brigas (às vezes), eu quero alguém para beber comigo, falar besteira, rir.
Mas tudo bem não vou pedir nada, você pode reclamar da minha organização, arrumar a alça do meu sutiã e ficar me perturbando com lembretes, mas desde que você fique, só isso.

Não vá... Alias, você nem chegou.

Ps: Se você chegar, só por favor não reclama do meu café... Eu bebo muito mesmo.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Paredes e tetos

Aí eu resolvi acordar dez minutos mais cedo do que o normal, só pra olhar o meu rosto e pensar na vida. Aquela semana de TPM feroz me ajudou e ao mesmo tempo me atrapalhou muito, mas no final das contas, tudo que eu necessitava era de algumas palavras tuas.
Palavras comuns. Diálogos comuns, conversas clichês.

- Olá, sumido... como você tá?
- Sumi nada, você quem sumiu... Tô bem e você?
- Tô na mesma (tudo que eu queria dizer é: nossa, continuo perdidamente louca e cega de paixão por você e continuo com aquela saudade enorme, vem aqui me ver???) e aí, como tá o trabalho?

E aí você iria dizer o quanto está cansado e me convidaria pra te ver. Ah, e você ainda tem dúvidas se quero ir te visitar? Claro que sim! Mas sabe, eu vou te contar um segredo... Que eu nunca disse pra ninguém: me faltam forças pra ir, alias, pra voltar... Eu sei que se eu for, não vou conseguir voltar, e se eu voltar, eu vou ter aquela recaída de novo e minha vida vai desabar novamente. 
Você é como uma parede de sustentação, se não tiver mais você, meu teto cai, e atualmente minha casa anda sem teto... E o resultado: não encontrei com você pra trocar algumas palavras comuns, ter um diálogo comum e uma conversa clichê. Talvez o "destino não quis".
Mas sabe, preciso de você. Bom, na verdade preciso de um chocolate e uma cerveja também, afinal a TPM ainda está aqui.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Uma linha sobre mim e sobre você

Continuo escrevendo sobre você. Continuo pensando em você. Continuo respirando você. E pra variar... continuo sem você.

Esta única linha é a única coisa que eu consigo unir nós dois. Eu e você, você e eu.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Velha história da ponte

É aquela velha história da ponte...
Você planeja, planeja e vai. Chega lá e pensa.
Pense nos motivos que te levaram até lá.
Pensa nas coisas que fazem você ficar do lado de cá da cerca
E nas outras coisas que te fazem ir pro lado de lá, e não voltar.

É a velha história da ponte... Ir ou não ir?
A solução dos problemas.
Agora é ir ou fugir, não há mais muros para você ficar em cima.
Esquece...
Ninguém que foi, voltou pra contar, se vale ou não a pena.

É só aquela velha história da ponte,
É só aquela velha vontade de sumir,
É só aquela velha vontade de correr e a única forma de alguém ter pena de você.
É só uma ponte, e do lado de lá... Bom, aí é outra história.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Botão repeat

Hoje foi um daqueles dias que eu poderia apertar o "repeat", acordei bem, sorri e comecei a ver que as coisas estavam dando certo.
"As coisas", tudo, em geral, não você, mas minha vida... Tudo bem, você faz parte da minha vida agora, mas você é a única coisa que eu não tenho certeza se está dando certo. Juro que não vou me lamentar neste restinho de dia que ainda me resta, positividade sabe?
Mas sabe de outra coisa? Eu tenho muito medo de quando as coisas dão certo, porque de uma hora para outra tudo desaba e eu fico aí, por aí... Assim como você com a gente, estávamos bem e quando tivemos a chance de ficar melhor ainda... É, ninguém explica isso.

Mas deixa eu só te pedir uma coisa antes de você ir? Fica, por favor?

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Uma conversa com "você"

Quando eu te encontrei? Claro, foi numa destas idas e vindas da vida... Acaso? Destino? Não sei. Mas o que te fez ficar foi a idéia de "eu tenho alguém com quem contar". Assim os dias foram passando e você foi arrumando sua vida e ao mesmo tempo bagunçando a minha, e quando foi de seu interesse, PUUUF! Onde estava você?
Onde estava você quando eu cai? Quando te chamava?
Preciso te confessar algo... É que apesar de tudo e apesar dos pesares eu ainda suspiro por você. Eu queria ser extremamente forte para nem lembrar mais do seu nome, mas a vida não é bem assim, você ainda significa algo para mim, mesmo que seja algo ridículo e minimo, você significa e deixa um enorme vazio.
Estes dias você esteve muito presente na minha vida, que eu comecei a revirar os indícios de você... Encontrei algumas coisas e vi que eu não estava pronta ainda, que aquele papo de superação foi uma farsa que eu mesma cai. Eu imploro por sua presença todos os dias...
Eu ainda sonho com você: sonho em te encontrar, te entregar todas as cartas que escrevi para você, e depois sair para tomar um sorvete. Simples, uma tarde com você. E se você tivesse vontade de estender para a noite eu não iria me importar, ficaria com você conversando sobre coisas úteis, inúteis e fúteis e daria umas risadas em alguns espaços de tempo e a todo tempo eu iria observar seu sorriso (que é uma das coisas que eu mais sinto falta no mundo). Depois eu iria te contar tudo que eu sei sobre o céu, as estrelas, mesmo que se não tivesse estrelas no céu... Eu explicaria pra você que mesmo com o tempo nublado, as estrelas estão ai, só não podemos ver, assim como você está todos os dias comigo.
Mas se você não estivesse a fim, poderíamos passar uma manhã juntos só, e não tomaríamos sorvete.. Daríamos uma volta por aí, observando as pessoas e conversando sobre tudo, menos nós. Também teríamos a opção de jantar juntos, comer algo bem diferente e gostoso, e depois atacar uma sobremesa enquanto simplesmente estaríamos juntos, sorrindo...
Juro que enquanto estivéssemos juntos nada de ruim iria acontecer, eu não tocaria em assuntos ruins e estaria 100% presente.
E no fim do dia, se você estivesse a fim, teríamos a opção de passar a vida toda juntos... Só se você estivesse a fim, é claro.

sábado, 2 de junho de 2012

Recaídas

Um segundo estraga tudo. Estraga o esforço de um mês, um ano, um grande esforço. Só para ter um segundo de alegria e os outros 86399 segundos do dia de tristeza. Prazer, conheça a Dona Recaída.
Respostas monossilábicas me fazem acordar, é como um tapa na cara: "Alô garota, você é idiota?" "Sou sim."
Oi, você continua aquele idiota lindo? Com aquele sorriso? Você ainda toma banho quente e depois corre para lugares frios? E ainda tem vontade de comer tudo que alguém está comendo? Não... Eu acho que não... Afinal, como estás? Este sms era só para saber isso, obrigada, tenha um bom dia e se cuida.
(Este sms nunca será enviado, se Deus quiser e me ajudar)

Se cuida? Cadê o meu tapa na cara agora? Recebo depois então? Obviamente ele tem alguém que cuide dele, a mãe, os gatos ou ALGUÉM importante. E eu? Tenho quem? Nem gatos eu tenho...
Ei, não sei cuida não. Também não irei ai te cuidar, ou seja, vá pro inferno (na verdade eu iria escrever algo pior). Tchau, te odeio e nunca mais me procure.
Procurar, quem procura quem? De 100 vezes, eu procuro 101. Ele só procura por pura saudade (aquelas enfiadas no dedão do pé, e não no coração).
Então pegue sua saudade e vá pro inferno também, com seu alguém importante, sua mãe, seus gatos, aquelas cervejas e claro, leve todos meus sms's juntos.  Como você está? O que anda fazendo? Ele não está fazendo nada, nada demais, nada do que ele fazia a mais. A verdade é essa, você nunca mais ouvirá falar de mim.. Nunca mais terei uma recaída (mesmo o nunca mais dure uns 10 dias). Prometo!
Todo carnaval tem seu fim... É o fim. Ou está chegando no fim.

 
(Um vídeo, e uma música perfeita para ilustrar um novo recomeço)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Vidro de alcaparras

Demorei algum tempo para perceber que eu não estava perdida. Eu achava que meu café da manhã estava vazio, meu almoço e meu jantar também. Eu pensava que havia lacunas no dia e faltava informações sobre você: "Você comeu direito?".
Tive que lidar com a falta de informações... Ah! E como foi dificil isso, para mim que sou uma pessoa que adoro controlar tudo, e como deixaria de controlar (ou pensar que estava controlando) você?
Foi uma série de desafios, que eu fui vencendo um a um, dia após dia... Comecei com o distanciamento aos poucos, depois deixei de perguntar, procurar e saber e no fim, BINGO! Deixei de sentir!
Por estes dias que você veio atras de mim, eu pensei: Quem é você? Era que o mesmo? Pensa as mesmas coisas? Se veste do mesmo jeito? Tem ainda as mesmas manias? Sente do mesmo jeito? Pois bem... Porque EU não sou mais a mesma. Eu dei para deixar de sentir, agora eu sou um equilibrio entre razão e emoção e fumo nos finais de semana. É...
Mas queria deixar bem claro que eu ainda penso em você quando seu time ganha (ou até quando ele perde) e que quando eu abro o armário aqui de casa, eu vejo o vidro de alcaparras e ainda penso: caramba, ele gosta disso... 
Porém, apesar disso tudo, eu ainda tenho o orgulho de dizer que superei você, mesmo que superar não seja apagar você totalmente da minha vida, lembranças e pensamentos, porque isso é impossivel. Hoje estou livre, feliz, e aprendi muito com isso e devo agradecer a você!
Algumas pessoas iriam achar que meu coração depois disso está vazio, mas eu digo que não... Ninguém mora lá dentro além da esperança.
Deixa eu só te perguntar uma coisa: Você não comeu aquelas bolachinhas de almoço não, né?

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sobre interruptores, buracos e vazios

Eu costumo ir em uma loja de artigos elétricos onde existe uma parede enorme, cheia de interruptores para todos os gostos... Um dia eu parei do lado da parede, e comecei a observar os buracos que haviam lá, buracos onde um dia lá estava um interruptor que foi comprado por alguém e que hoje está sendo usado em algum outro lugar. Os buracos, os vazios dos interruptores me incomodaram.
Dentro da gente também tem uma parede, só que ao invés de interruptores, nós temos pessoas e lembranças... Os mesmos podem ser apagados, tirados, vendidos ou roubados por outras pessoas, não importa o motivo, mas também temos nossos buracos.
Voltei nesta loja mais algumas vezes e eu continuava incomodada com aquele vazio... Preferia nem olhar mais para a parede. Deixei pra lá, esqueci.
Os dias se passaram e eu percebi que havia um buraco em mim, e você foi vendido, e agora habitava a parede de alguém... E aquilo me incomodava demais, até mais que os interruptores. E lá estava o meu vazio, o seu vazio.
Na última vez que voltei a loja, olhei pra parede e não senti nada. Nem pena, nem fiquei pensando onde estavam os interruptores. Aquilo era um vazio, um buraco, uma lei da vida. As coisas habitam certos lugares e mudam, sempre foi assim e sempre será. Por quê que com você seria diferente?
Fico feliz em perceber que você não é mais aquele "você" para mim, que o buraco que você deixou já fechou e está pronto para ser habitado por outro você, outro alguém... Não perco mais meus minutos pensando nos erros e nos acertos.
Alguém simplesmente te comprou de mim, e eu não aceito trocas, obrigada.

domingo, 13 de maio de 2012

Mudanças

“Minha vida mudou muito nos últimos anos. Eu mudei muito nos últimos anos. Mudei sem oferecer a menor resistência. Mudei sem me surpreender com as mudanças. Elas simplesmente apareceram, aconteceram, me invadiram e se instalaram. Então, eu finalmente me senti em casa dentro de mim mesma. E hoje, mais do que nunca, sinto que não devo nada para ninguém. A gente demora demais para se livrar de pesos e culpas. Mas um dia, finalmente, a gente acorda. E descobre que tem uma vida inteirinha pela frente.”

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Casquinha de sorvete

"Nunca gostei de casos que dão um caos danado
nunca liguei para dinheiro, assim como ligo para o coração
nunca achei um saco receber mensagens e ligações no meio da noite,
nunca chorei por saber que não conseguiria alguma coisa,
sempre fui atrás de consegui-las.
Vivo porque estou viva,
choro porque ainda tenho sentimentos,
gosto de rir porque sou feliz, simples assim.
Bebo quando tenho vontade,
saiu quando quero,
ligo quando sinto saudade.
Sou indecisa quando se trata de gostar de alguém,
sofro calada por 2 minutos depois procuro aquela amiga para conversar,
choro as vezes só para ter a sensação de lavar a alma.
Posso ser simples, como uma casquinha de sorvete,
mas jamais serei sem graça como uma festa de criança sem decoração."

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Não interrogo mais nem procuro

"O coração, se pudesse pensar, pararia. Considero a vida uma estalagem onde tenho que me demorar até que chegue a diligência do abismo. Não sei onde me levará, porque não sei nada. Poderia considerar esta estalagem uma prisão, porque estou compelido a aguardar nela; poderia considerá-la um lugar de sociáveis, porque aqui me encontro com outros. Não sou, porém, nem impaciente nem comum. Deixo ao que são os que se fecham no quarto, deitados moles na cama onde esperam sem sono; deixo ao que fazem os que conversam nas salas, de onde as músicas e as vozes chegam cómodas até mim. Sento-me à porta e embebo meus olhos e ouvidos nas cores e nos sons da paisagem, e canto lento, para mim só, vagos cantos que componho enquanto espero. Para todos nós descerá a noite e chegará a diligência. Gozo a brisa que me dão e a alma que me deram para gozá-la, e não interrogo mais nem procuro. Se o que deixar escrito no livro dos viajantes puder, relido um dia por outros, entretê-los também na passagem, será bem. Se não o lerem, nem se entretiverem, será bem também". 



"foi como um erro
um erro, que não será concertado
jamais, voltaremos"

Saudades de algumas pessoas, saudades de doiz mil e nove. Ou melhor, saudades de todo mundo.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Manual

Felizes são aqueles que entendem o mecanismo da vida, como funciona o tal "viver". Cada caso é um caso. Tem coisas que só conseguimos se mantivermos o pensamento firme e outra só se nosso coração e mente estiverem livres. Viver é isso. É analisar... Cada dia uma auto analíse de si, e dos outros.
Mas talvez viver vai além disso. Viver é sobreviver as quedas e dias ruins. É resistir ao próprio impulso de abrir mão de tudo. Minha forma de viver ultimamente é um dia de cada vez, uma hora de cada vez, um minuto por vez, e planos só quando extremamente necessário. Também não minto mais pra ninguém... "Você tá bem?" "Não to não, to mal." Não preciso de esconder isso. Quando eu descobri isso, logo eu percebi que eu melhorei. A verdade cura.
Felizes são aqueles que vivem sem pensar, sem questionar e perguntar: E aí? O que vem depois?
O tal do DEPOIS nem existe ainda! Afinal, o que existe? O agora? A nova ordem é viver o agora... Porque é ele que está aqui do meu lado, do seu lado.
Felizes também são aqueles que não entendem e nem procuram entender nada da vida... Porque a vida na verdade não tem explicação, não tem manual.

domingo, 22 de abril de 2012

Simplismente

Não sei,
sabe…
você s-i-m-p-l-e-s-m-e-n-t-e
me
deixa
saism
toda,
cmeolnpletamnte
con-
fu-
sa.

sábado, 21 de abril de 2012

Heaven is a place on earth with you

If it was easy it wouldn't mean nothing, no.
Não posso estar ai, mas estou aqui e ai. Orando por você.
Não posso cuidar de você, mas eles podem!
Você está ai, e o ai não sabe quanta sorte ele possui.
Ele possui você.
Aceito qualquer coisa, qualquer acordo, mas quero você.
Ai ou aqui.
Você, só isso. Assim como eu tive um dia.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Isabela Freitas: Não importa seu CEP!

Isabela Freitas: Não importa seu CEP!: E por mais lamentável que isso seja, não temos o poder de escolher de quem vamos gostar. Não vemos classe social, beleza ou distância.
"Sabe, não me importa seu CEP. Eu quero você, só você. E vou te entregar uma parte de mim, espero que você cuide, tá? Porque mesmo tão longe, estaremos sempre juntos. "

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Diga. Faça. Não espere.

"É a história mais antiga do mundo. Um dia, você tem 17 anos e está planejando o futuro. E então, sem você perceber, o futuro é hoje. E então, o futuro foi ontem. E assim é a sua vida. Passamos tanto tempo querendo, desejando, buscando. Mas sabe? Ambição é bom. Perseguir as coisas com integridade é bom. Sonhar….Se você tivesse um amigo que nunca mais fosse ver. O que você diria? Se pudesse fazer uma última coisa pra alguém que você ama. O que seria? Diga. Faça. Não espere. Nada dura pra sempre. Faça um pedido e guarde no seu coração. Qualquer coisa que você quiser, tudo o que você quiser. Fez? Ótimo. Agora acredite que pode se tornar realidade. Você nunca sabe de onde virá o próximo milagre. A próxima memória. O próximo sorriso, o próximo desejo que se tornará realidade. Mas se acreditar que está logo adiante e abrir seu coração e mente para a possibilidade, para a certeza, pode ser que consiga o que queira. O mundo está cheio de mágica. É só acreditar nela. Então, faça um pedido. Fez? Ótimo. Agora acredite nele. Com todo o seu coração."

sábado, 14 de abril de 2012

Que nada de mesquinho neste mundo...

"Espero que você não se machuque quando cair e que sempre tome um sorvete com alguém que você ama. Que você consiga sorrir pra quem te fez mal e desejar coisas boas para aqueles que nem conhece. Que nada de mesquinho neste mundo encontre espaço no seu coração."

Me sinto idiota. Me sinto idiota por ter tentado, por continuar tentando e por pensar em desistir.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

You're gonna make me lonesome when you go

Em algum momento, em vários deles ou definitivamente, as pessoas sempre vão embora.
Talvez essa seja a pior coisa do mundo (...) Mesmo que a gente não fique juntos pra sempre. Mesmo que acabe semana que vem. Nunca destrua o meu carinho por você. Nunca esfrie o calorzinho que aparece dentro de mim quando você liga, sorri ou aparece no olho mágico da minha porta. Mesmo que você apareça na porta de outras mulheres depois de me deixar. Me deixe um dia, se quiser. Mas me deixe te amando. É só o que eu peço.”

Contigo

Eu to cansada. Fisicamente. Mentalmente. Emocionalmente e todos os entes mais. Correr atras, fazer, acontecer, correr, dar contar e correr mais. Eu quero parar. Eu to tentando... tentando... e como eu estou.
"Até onde posso, vou deixando o melhor de mim (…) Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração."
 Eu quero voltar a encontrar você num final de tarde e conversar sobre o nada. Eu quero a paz. Eu quero o sossego e isso eu encontro contigo. 

domingo, 8 de abril de 2012

Keep (...)

Eu tentei, tento e tentarei. Vou continuar... Keep on loving.
Vou continuar.
Continuar pensando em você. Continuar tentando te ver.
Vou contnuar.
Continuar tentando entender a complexidade de você.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Escolhi a desculpa, você me desculpa?

"Aprendi que o amor chega na hora exata. Que a maturidade vem aos poucos. Que família é tudo. Que amigos bons e sinceros são poucos. Que cuidar da sua vida é sempre a melhor opção. Que dias melhores sempre virão. Que na vida, nem tudo vale a pena. E principalmente que minha felicidade depende das escolhas que eu faço.."
Perdir desculpas não é vergonha, é a solução.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Você me faz querer viver

Não venha dizer que eu te deixei. Você não me deixou. A vida nos deixou.
Nossa (minha) missão é te provar isso, provar o que já foi provado...
Aquelas horas que passamos juntos é a maior prova de tudo.
Prova de que um dia você disse que me amava, e que faria todas as loucuras possíveis.
Você fez?
Você foi embora.
E eu deixei.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Te devoraria a qualquer preço

Parei pra pensar no que eu realmente queria, e logo bateu um vazio, um vazio de você, cheio de você, uma falta de amor, mas cheia de amores alheios... Não, eles não entendem nunca.
Afinal, o que eu preciso? De alguém pra acender meus cigarros? Para andar de mãos dadas? Para telefonas inesperados? Não! Eu queria tudo isso, mas no fundo o que eu mais quero é a presença, o aqui, o agora, você.
Só quero que um dia as pessoas entendam o que eu quero, e eu espero que neste dia, eu mesma saiba o que eu desejo, porém eu sei exatamente o oposto... Eu odeio este "sem contar os dias que me faz morrer, sem saber de ti". Tem dias que tudo que eu mais queria, era ligar pra você e relembrar nossas conversas conversando mais. Eu queria ter a certeza de que tudo permaneceria da mesma forma, estável, sólido e mais do que tudo: vivo.
Não posso arriscar você, apostar você pelo vazio... Sim o vazio já está aqui, mas ele só está esperando o momento certo para atacar. Você me protegeria?

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Olá, meu codinome é Marisa Cooper

 
- And then, at some point, I just stopped being the girl who belong to college. Or anywhere for that matter...
- Everyone belongs somewhere.
- Maybe not everyone. Maybe some people just get lost.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Olá estranho

Queria encontrar alguém (lê-se: você) um dia, e dizer "Olá estranho", sorrir de te seguir pelos resto da semana e do mês. Depois de uns dias, você ria tomar sorvete comigo e não ligaria mais pro passado, seria só eu e você, e suas doces e ácidas palavras: "Eu sei quem você é. Eu te amo. Eu amo tudo em você que dói.". E eu como sempre, fria, realista e calculista diria "Aonde? Me mostra! Aonde esta esse amor? Eu não posso vê-lo, eu não posso toca-lo, eu não o sinto, eu não posso ouvi-lo. Eu posso ouvir algumas poucas palavras, mas eu não posso fazer nada com essas suas simples palavras!". Este é o erro, falar e pensar. Devia ser muda. Porém, mesmo você afastado, mesmo a gente não se vendo nos fins de semana a tarde e não havendo sorvete algum, "Ninguém nunca vai te amar tanto quanto eu. Porque o amor não é suficiente?".
Tinha que ser você, com ou sem frio. Não ligo pra paisagem, clima ou ao redor, você me bastaria. Lamento todo o tempo o fato de que você não está aqui, mas você está. Você mora na minha mente, no coração e nos pensamentos, de lá você não sai... Bem que poderia receber uma ação de despejo, não é?
Você comprou meu coração, coisa que ninguém fez, e eu vendi, coisa que nunca faria.

(Citações nas aspas do filmes Closer, Perto Demais)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Apesar de você, amanhã há de ser outro dia

Tá eu errei, e todo mundo erra. O problema é que eu continuo batendo a cabeça, indo atras e vejo toda hora que não valhe a pena sentar, conversar, ler e chorar. Não pretendo nada com isso...
Tá é mentira, você sabe que é. Minha vontade é pegar o próximo ônibus num dia de chuva como este, ir até você, no caminho ouvir algumas músicas que me lembrem você, comer algo que me lembre você e até que enfim te abraçar e te dar um soco. Tudo bem... A parte do soco é mentira, mas o que eu queria era rir e dizer: Não sinto nada!
Pois bem, eu sinto e como sinto. Tem gente que pede pra sentir e eu peço ao contrário, é pecado?
Não sei mais o que você anda fazendo, se você está bem, e isso me mata aos poucos sabe? Não gosto de não ter informações tuas, o máximo que eu tenho é um falso "Estou ótimo", que ninguém acredita, muito menos eu que te conheço, melhor do que a mim... Alias, achava que conhecia.
Eu pensava que você nunca me deixaria depois de uns meses de te conhecer, percebi seus olhos e seu sorriso e vi que se encaixava com o meu e disse: Ele é minha metade!
Metade não existe... Porque minha metade seria eu mesma, e eu quero é outro alguém, ou melhor, quero você, só você. Não deveria querer...
Vamos mudar de assunto, queria falar sobre como minhas coisas andam... Tá, não vai dar certo isso, foi assim que me apaixonei por você, e não quero piorar isso.
Poderia ter sido diferente, não é mesmo? Poderiamos continuar nos falando, nos vendo nos feriados e sorrindo todo momento. A vida é cruel. Ela dá e tira. Ela ilude, e ela me colocou você aqui e quer tirar mas não tira logo.
Ouso citar Chico Buarque para dizer que apesar de você, amanhã há de ser outro dia, vou acordar e você não virá na minha cabeça. Me recuso a pensar em você! Nisso inclui não dirigir a palavra a você, e não relacionar nada a sua imagem. Vou melhorar. Me desculpe.... To tentando.

sábado, 7 de janeiro de 2012

They know I'm gonna be okay...

Sentia fome, não sinto mais. Sentia um ânimo grande, não sinto mais. Sentia vontade de outras pessoas, não sinto mais. Não sentia paixão, agora sinto.
Minha vontade era correr de toda esta bagunça, pegar minhas coisas e viver, só isso. Mas não posso, devo ficar e viver desta forma (sofrer desta forma). Era um risco conhecido e já meio que vivido, agora eu sinto este risco entrar dentro de mim, e acabar com todos meus sinais vitais, começando pelo coração e terminando pelo coração. E meu cerébro? Ah... Ele não existe mais, antes eu era pura racionalidade, agora eu sou pura emoção.
E o que você me diz sobre isso? Nada, é claro.. Ninguem tem nada a me dizer.