segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Pra galáxia mais próxima daqui

  Todos os dias antes de colocar a cabeça no travesseiro eu me perguntava o por quê que eu não era iguais aos outros. Não em uma coisa mas em todas. Eu sou um alienígena aqui, não pertenço a esse lugar. Não sou superior e nem inferior aos terráqueos mas eu sou diferente. Um sorvete não é um sorvete para mim. Dou valor enorme ao desvalorizado e desvalorizo o super valorizado. Não entendo o que se passa na cabeça alheia, nas coisas mais simples até nas mais complexas, e muito menos me compreendo. Não sou normal, não sou daqui.
  Talvez meus criadores, progenitores tenham me abandonado aqui. Por que teriam feito isso? Sou tão diferente deles também? Queria ser igual a alguém e poder dizer: você é minha alma gêmea. Eu sei que nunca direi isso. Cansei de ser diferente, quero ser igual. Ser diferente cansa, frustra. Ou me levem de volta pra onde eu nasci, ou pra galáxia mais próxima daqui.

sábado, 24 de agosto de 2013

Sobre orações falhas

É um paradoxo e não aguento mais
Quanto mais me esvazio mais me encho de tristeza
Quanto mais rezo, pior eu fico
Quanto mais eu sinto, menos eu quero sentir.

Não é culpa minha
Nem sua
Nem dele
Talvez, seja da vida
Ou nem dela.

Talvez eu mereça tudo isso
Mas como falam por ai....
Deus não dá o fardo maior do que pode se aguentar
Então peço ajuda para Deus
Mas nem ele pode me ajudar.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Fragmentos sobre luzes e bancos de praças

  De alguma forma minha cabeça não via nada que eu pudesse fazer além de passar meu tempo em uma praça. Ficava toda a duração da luz do dia sentada, desenhando rostos alheios e principalmente sorrisos que eu gostaria que fossem meus. Quase todos os dias eu conseguia desenhar diversas gerações e tipos de gente. Não entendia o objetivo daquilo mas naquela situação qualquer ação rotineira seria válida e explicações seriam vagas.
  Com o passar das horas, eu empilhava meus desenhos e rezava para o ventor não levassem-os embora de mim. Quando a luz partisse eles me seriam úteis: quem me anima? que iria ver o sorriso de quem? - Os meus desenhos, é claro.
  Algumas lágrimas escorriam no meu rosto, com o objetivo de esvaziar meu vazio para dar mais espaço para outros "vazios" e vire e mexe alguém de preocupava com meu choro.
  - Minha filha, pra que tanta tristeza? - Perguntou um senhor grisalho e exótico, um tipo de pessoa que não desenharia.
  - Sabe, às vezes... às vezes temos só papel na vida. - Respondi
  - Então pegue esses papéis e escreva sua história, invente e viva!
  Ele levantou e sumiu no meio de outras pessoas que pouco se importavam com o que se passava naquela praça. Eu queria ao menos saber o nome daquele senhor e o endereço, assim usaria alguns de meus papéis para escrever uma carta, dizendo o quanto já inventei histórias para mim, o quanto já tentei viver e nada adiantou, e iria agradecer no final do texto por ele ter sido a única pessoa que falou comigo naquele dia (e quiçá se importou comigo).
  A luz do dia estava indo embora e eu sabia de duas coisas: ela voltaria no dia seguinte, em menos de doze horas e eu também estarei ali, com meu coração apertado e uma angústia descontrolada novamente. Não queria voltar para aquele banco e muito menos para o banco do lado, não queria mais ter que desenhar ninguém. Durante a semi escuridão, os sorrisos eram trocados por caras frustadas e perturbadas, não gostava de ficar ali, era como uma forma de competição e concorrência para mim.
  Voltei para casa.
  Eu sabia que voltaria porém fazia tempo que eu procurava sorrisos parecidos com o seu. Não adiantava procurar... Você está em um canto de uma cidade qualquer, sorrindo por alguma coisa não qualquer. A infeliz era eu.
  Peguei algumas folhas de papel, escrevi uma carta para ninguém, talvez. Contei a história que mais me afligia no mundo, tomei uns remédios e fui dormir.
  Não voltei para a praça no dia seguinte.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Nunca escrevi sobre sapatos

Talvez você seja como meu sapato preferido
Aquele que a gente nunca tira do pé
E se tira, mantém ele em mente.

Você não sai dos meus pensamentos
Mas quando me forçam a isso
Coloco o resto de você no coração.

Não que eu esteja te comparando com um sapato qualquer
Nem com meu favorito
Até porque um dia ele irá pro lixo
Já você... Permanecerá aqui.

Nunca escrevi sobre meus sapatos
Isso porque gosto muito deles
E pra você dedico tudo e todas as palavras do mundo
Mas isso não é uma comparação.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Versinhos sobre nós

Não mudou nada, absolutamente nada
Tenho um coração
Que dizem que me pertece
Mas é mentira.

Meus pensamentos continuam os mesmo
Dizem que eu tenho controle,
Mas é mentira.

Dizem também que eu mando em mim,
Mas é mentira.

Você manda nos meus pensamentos,
E manda no meu coração.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Speculum

Decidi que iria jogar tudo fora que me lembrasse você.
Apaguei músicas, Joguei fora vários papéis, Queimei minhas roupas...
E no final, ainda estava sentindo sua presença.
Foi ai que precisei de me reinventar,
Existir em outro mundo onde não tenha você.
Eu era quase sinônimo de você.

Mas não quero viver onde não tenha você.
Seu sorriso
Suas diferenças
Suas semelhanças
Seu ar.

Antes de dormir, orei e pedi pra acordar um espelho
Um espelho da sua casa, exclusivamente
Pra te refletir
Te enxergar todos os dias
E ainda te mostrar o quanto você é único.
Desisti de viver sem você,
Mas me deixa ser seu espelho?

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Resumo de um dia (in)útil

Acordei
Aleguei que nada podia fazer
E assim fiz,
Larguei tudo
E nada fiz.


O vazio de tudo que larguei
Me fez tão cheia de nada
Assim, o tudo se tornou nada.


Meu caro, eu te aviso
Nada não é tudo
E tudo não é nada
E meu nada está tão cheio...

No meio do dia, me trai
Resolvi deixar o nada e ser feliz
Mas ai pensei
(e pensar quase nunca é tão bom - pensei antes)
Vazios não se preenchem
Vazio de amor
Vazio de gente
Então voltei ao que me esperava: o nada.