Eu costumo ir em uma loja de artigos elétricos onde existe uma parede enorme, cheia de interruptores para todos os gostos... Um dia eu parei do lado da parede, e comecei a observar os buracos que haviam lá, buracos onde um dia lá estava um interruptor que foi comprado por alguém e que hoje está sendo usado em algum outro lugar. Os buracos, os vazios dos interruptores me incomodaram.
Dentro da gente também tem uma parede, só que ao invés de interruptores, nós temos pessoas e lembranças... Os mesmos podem ser apagados, tirados, vendidos ou roubados por outras pessoas, não importa o motivo, mas também temos nossos buracos.
Voltei nesta loja mais algumas vezes e eu continuava incomodada com aquele vazio... Preferia nem olhar mais para a parede. Deixei pra lá, esqueci.
Os dias se passaram e eu percebi que havia um buraco em mim, e você foi vendido, e agora habitava a parede de alguém... E aquilo me incomodava demais, até mais que os interruptores. E lá estava o meu vazio, o seu vazio.
Na última vez que voltei a loja, olhei pra parede e não senti nada. Nem pena, nem fiquei pensando onde estavam os interruptores. Aquilo era um vazio, um buraco, uma lei da vida. As coisas habitam certos lugares e mudam, sempre foi assim e sempre será. Por quê que com você seria diferente?
Fico feliz em perceber que você não é mais aquele "você" para mim, que o buraco que você deixou já fechou e está pronto para ser habitado por outro você, outro alguém... Não perco mais meus minutos pensando nos erros e nos acertos.
Alguém simplesmente te comprou de mim, e eu não aceito trocas, obrigada.
Alguém simplesmente te comprou de mim, e eu não aceito trocas, obrigada.
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