domingo, 6 de janeiro de 2013

Mãos, prédios e liberdade


   Era inacreditável como ele me conhecia como mais ninguém no mundo. Ele conhecia bem minhas mãos e só, aquilo bastava.
   Ele seria capaz de desenha-las perfeitamente. Sabia o porquê de cada anel, cada marca... E me questionava todas as vezes que minhas unhas estavam curtas: O que foi? - Ele sabia que aquilo era sinal de problema, e entendia também que elas médias era problema solucionado e compridas que lá vinha problema novamente.
    Um ciclo. Como nada vida.
   Eram minutos de analise, cada milimetro era observado e compreendido, depois de um tempo finalmente dava uma pausa e ria da minha cara de assustada e continuava sua analise, enquanto eu ficava olhando pela janela. Era uma paisagem comum, que poderia ser vista todos os dias, por qualquer um, mas para mim tinha um significado importante, algo como liberdade. Toda vez que via aqueles prédios me dava vertigem, uma vontade de sair no meio, me perder e esbarrar em algo ou alguém.
   Procrastinei, adiei, e delonguei o quanto pude.
   Um dia me cansei, sai no meio dos prédios e não esbarrei com ninguém que me conhecesse tão bem quanto você, na verdade nem sequer encontrei com alguém normal. Só passo meus dias nas ruas procurando por você, espero você bater na minha porta e pedir para entrar, tomar um café e olhar minhas mãos.
   Hoje eu não conheço minhas mãos, e não me reconheço mais.

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